sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Web 2.0 e Educação Musical

A Web 2.0 é um termo novo que define as novas interações digitais através do computador e da internet.  Engloba mais precisamente uma segunda geração de serviços dentro da plataforma web, que são todos os conceitos relacionados à informática que usamos para nos comunicar através dela. Mais ou menos a partir da segunda metade dos anos 2000 surgiram novas plataformas e canais de interação, dentre eles os aplicativos, redes sociais, blogs etc. Esses canais aumentaram o leque de interação e a eficiência da comunicação digital.  Essas novas estruturas auxiliaram muito a educação já que ampliam as maneiras e as ferramentas que podem ser utilizadas para ensinar. Segundo Alex Primo quanto mais pessoas na rede mais arquivos se tornam disponíveis e os serviços se tornam melhores quanto mais pessoas utilizam o sistema. (2006, pg.2).
Nos dias atuais, muito se tem falado a respeito de Web 2.0. O conceito para o termo foi criado por Tim O’Reilly, em 2003, o qual diz que Web 2.0 é “a mudança para uma internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma”. Segundo o conceito elaborado por O’Reilly, a regra fundamental da Web 2.0 é o aproveitamento da inteligência coletiva.
Apesar dos especialistas afirmarem que não há um conceito formado para o que é Web 2.0, acreditamos que o mesmo sendo desenvolvido e moldado pelas práxis social. Se, como já foi dito, a principal característica dessa mudança na internet é o aproveitamento da inteligência coletiva, isso representa uma mudança no indivíduo que passa de um usuário passivo para um usuário colaborativo e participativo. Esta mudança de paradigmas do indivíduo vem acompanhada de uma propaganda que divulga liberdade e abertura.
Ora, a abertura e liberdade das quais se tanto se comenta de forma pública e notória deve ser relativizada, pois existe uma legislação que se desenvolve no sentido de caracterizar o que é permitido e o que é o chamado crime digital, por exemplo, o Brasil, nos últimos anos várias polêmicas e escândalos, foram palco para essa transformação como o caso da atriz da rede globo de televisão Carolina Dieckmann que teve sua imagem divulgada e explorada na internet sem autorização devida supostamente a ação invasão de privacidade de seu computador pessoal, e a realização de cópia das fotos em situação íntima (além das conversas). Desta forma, a atriz utilizou toda a sua influência para a elaboração de uma lei digital que hoje leva seu nome (lei 12.737/2012) e foi sancionada em 30 de novembro de 2012 pela ex-presidente Dilma Rousseff tipificando os chamados delitos ou crimes informáticos.
Outro fator relacionado é a cultura digital que é criada no processo de desenvolvimento da Web 2.0 que se baseia numa rede de informações onde cada usuário pode não somente usufruir, mas sim, contribuir, discutir, criticar e modificar o processo de construção da informação. Por exemplo, as plataformas wiki são sistemas de produção de texto onde é permitida a livre e coletiva construção de texto, apesar de ter sido criada em 1995 por Ward Cunningham, na época chamava-se Portland Patter Repository, a expansão deste conceito e seu uso como ferramenta para fins pedagógicos só foram anos depois utilizados, como vemos na Wikipédia, onde cada usuário tem a oportunidade de adicionar informações livremente.
A tendência para a Web 2.0 tem sido se caracterizar no âmbito essencialmente online e vemos diversas ferramentas sendo disponibilizadas pelas principais plataformas como o Google que oferece o Google Drive, mas outras também já se notabilizaram como o Dropbox. Desta forma, atividades que antes eram feitas de forma off-line, com o auxílio de tradicionais programas vendidos em lojas especializadas, passam a ser feitas de forma online, com o uso de ferramentas gratuitas e abertas a todos os usuários. Os críticos argumentam que a Web 2.0 se trata apenas de um buzzword, uma jogada de marketing, um rótulo. Para estas pessoas, não houve uma mudança significativa no marketing praticado pela Internet para exemplificar uma teórica “evolução” de 1.0 para 2.0. Segundo os críticos, as maneiras de se obter lucros continuam exatamente as mesmas: publicidade e AdSense. Enfim, se todos concordam que a evolução de internet é algo concreto, a discussão se restringe a se a Web 2.0 é ou não a representação dessa evolução.
É importante se discutimos aspectos econômicos e políticos nos processos de desenvolvimento social, em especial da Web 2.0, compreender o sistema de monetização utilizado, o AdSense que se baseia no número de visualizações.
Historicamente, o AdSense foi palco de duas grandes polêmicas: uma em 2011 quando o Google lançou o algoritmo Google Panda devido a grande expansão dos blogs em 2009 que se utilizavam das palavras-chaves para aparecer numa posição melhor do ranking na pesquisa do buscador Google; e, a outra foi recentemente em seis de abril deste ano quando devido a denuncias o Youtube mudou seu sistema de monetização devido o que se chama de conteúdo não familiar, resposta a uma propaganda feita que divulga uma ingerência da plataforma para moderar e restringir informações tidas como impróprias, ou seja, censura. Isto ocorreu devido à retirada dos patrocinadores da empresa. Importante entendermos que apesar da notícia jornalística difamatória ter saído nos EUA, à mudança afetou principalmente o AdSense da América Latina.
Os sites caracterizados Web 2.0 oferecem a possibilidade de encontrar, produzir e armazenar todo tipo de conteúdo, informação e documentos na Web, por isso os usuários podem participar de forma ativa para construir algo, geralmente os sites possuem: possibilidade de busca por palavras-chave; links para sites e documentos contendo informações relacionadas; possibilidade de criar-se e alterar-se conteúdo por muitos usuários, utilização de tags ou marcadores, uso da Web como plataforma para aplicativos e armazenamento de documentos e conteúdos; RSS, que avisa outros usuários que houve inclusão de novos conteúdos. 
O portal de estatísticas Statista traz dados, contabilizados a partir de abril de 2016, que elencam as principais redes sociais em todo mundo classificadas por número de usuários ativos. O ranking completo, que você poderá ver a seguir, fornece informações sobre as redes sociais mais populares e, neste sentido, a líder da lista já está acostumada a ocupar este lugar, é claro que estou falando do Facebook. A criação de Mark Zuckerberg foi a primeira rede social a superar um bilhão de contas registradas e, atualmente, soma 1,59 bilhão de usuários ativos mensalmente. Em 2015, o Facebook conseguiu a façanha de ter um bilhão de usuários em todo mundo conectados no mesmo dia, mas foi só no primeiro trimestre deste ano que a marca pode ser mantida diariamente.
Agora já começando a tratar da educação a Web 2.0 contribuiu nos sistemas de educação online, principalmente quando pensamos na construção do conhecimento coletivo.  Os AVA´s dispõem de variados recursos para apoiar a interação e a dinamização no processo de aprendizagem. Entre as ferramentas mais utilizadas estão os chats, os fóruns, os grupos de discussão, oriundos da Web 1.0 e os blogs, os wikis e podcasts, os quais são os principais expoentes da Web 2.0. Diante deste cenário a Web 2.0 como um divisor no aprendizado virtual.
No ensino superior, várias experiências estão sendo bem sucedidas por meio de rádios universitárias, o que parece anunciar um paradoxo se torna uma boa novidade. Quando se achava que a internet iria acabar de vez com a rádio, essa ferramenta bastante antiga ressurge em novas interfaces e plataformas. Segundo RAMOS
Desde a primeira iniciativa de rádio em Internet, Internet Talk Rádio, realizada em 1993 por Carl Malamud (BAKER, 2009, p. 3) o media sonoro viveu uma importante expansão nos media digitais que torna necessária a sua reconceptualização para além do âmbito estritamente sonoro. (2011, pg. 52)

Essas web rádios oferecem agora novas opções de interação que não existiam a tempos atrás. Um dos exemplos são as redes sociais que permeiem a escolha de músicas e configuração de playlists de acordo com o gosto do ouvinte. Essas novas rádios não se limitam a propriedade exclusivamente sonora. Com a tecnologia acessível elas se expandiram para vários sentidos e vários meios de comunicação. Como reforça Ramos, Além da difusão em streaming, a webrádio incorpora novas formas de consumo on demand que favorecem a construção de uma rádio à medida do usuário. (RAMOS, 2011, pg. 52). Neste contexto as ferramentas disponíveis na Web 2.0 possibilitam ofertar ao ensino um novo olhar, com ênfase no conhecimento coletivo e na comunicação síncrona e assíncrona.
            Em educação musical gradativamente os professores vem utilizando a tecnologia a seu favor através de DVDs, dos projetores etc., e com a internet muito se evoluiu pensando na imensa quantidade de programas e aplicativos relativamente baratos ou até grátis que permitem a criação de pequenos estúdios musicais com qualidade praticamente profissional. O acesso à música se tornou mais fácil através do formato mp3, e do Youtube que possibilitou a visualização de clips e shows de muitos artistas; dos mais antigos aos mais atuais. Além disso, aprender música partindo para a teoria ou para a prática de um instrumento ou canto se tornou muito mais fácil através de vídeo-aulas compartilhadas no Youtube, ou em outros sites especializados em música. Dessa forma, o estudante, o músico amador ou o profissional tem em suas mãos muitas ferramentas facilmente manuseáveis e compartilhadas. A edição, gravação e composição se tornaram mais acessíveis, e podem começar com um hobby ou brincadeira e se tornarem atividades rentáveis.
            Concluindo, apesar de muitas escolas (em especial as públicas) ainda não aceitarem o uso da tecnologia no cotidiano escolar, aqui nos referimos ao uso de celulares e tablets em sala de aula, percebemos que estas medidas disciplinares vão contra a necessidade tecnológica da atualidade, e não exime os educadores musicais, de conhecer, utilizar, até ter domínio dessas tecnologias, pois é preciso acompanhar o desenvolvimento social, assim, a escola e o professor precisam podem utilizar nos processos de ensino e aprendizagem do conhecimento e habilidade musical, além de poder desenvolver o ser musical que existe em cada um de nós. Finalmente, as tecnologias se consolidam na ação musical seja ela intermediada através destas tecnologias ou de uma forma simples sem intermediação, pois a música seja de qualquer forma deve ser a maior motivação para ensinar.  

Referências Bibliográficas:

PRIMO, Alex. O aspecto relacional na Web 2.0. Congresso brasileiro de ciência da comunicação, Brasília, 2006./nov. 2017.

DANTAS, Tiago.       “Web 2.0"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/informatica/web-20.htm>. Acesso em 07 de novembro de 2017.

SCHONS, Cláudio Henrique; RIBEIRO, Adriano Carlos; BATTISTI, Patrícia. Educação à distância: web 2.0 na construção do conhecimento coletivo. Repositorio. ufsc.br, [S.L.], p. 1-12, 2008. Undefined.

Lei Carolina Dieckmann. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Carolina_Dieckmann> acesso em 07 de nov. de 2017.

Plataformas Wiki. Disponível em < http://pesquompile.wikidot.com/plataformas-wiki> acesso em 07 de nov. de 2017

RAMOS, Teresa Piñeiro-Otero Fernando. Rádios universitárias na Web 2.0: perspectivas e potencial. Rádio Leituras, Aveiro, n. 01, p. 1-27, jan./jun. 2011.



 autores:
Cintia Cintra e Cintra 
Welton Carlos Ferreira Rudi 
Welisson da Costa Leão 
Alexandre Victorino Ribeiro 

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