segunda-feira, 20 de novembro de 2017


 Produção musical e mercado
A tecnologia está presente em tudo e é muito fácil perceber isso. Mas talvez não seja tão fácil perceber que na música ela caba sendo utilizada muitas vezes para tapar buracos, esconder erros e preencher brechas que antes eram feitas “na unha”, da maneira tradicional que apesar de ser a mais difícil mostrava a qualidade do verdadeiro músico. Lembro-me de uma entrevista do ainda atual guitarrista da banda inglesa Queen, onde ele explicava alguns detalhes da gravação da música Bohemian Rhapsody. Ele dizia que tiveram que repassar tantas vezes alguns trechos que não ficavam como o esperado que a fita chegou até a desgastar. Naquela época o processo de gravação era através de fitas analógicas, e um erro custava um bom trabalho para voltar a fita no “ponto certo”. Com a chegada das mídias digitais a história ficou diferente e bem mais fácil; tanto que é possível realizar boas gravações, mesmo em casa.
Segundo Viana, “os estudos a respeito da indústria cultural se dividem em dois grandes polos, separados pelo tempo”. Trata-se o que ocorreu antes da década de 60 e o que veio depois da década de 60, referentes a escola de Frankfurt e trata do entretenimento que se transforma em bens de consumo.  Depois seguiu-se o processo de transição e defende o home como participante desse processo. Podemos entender aqui que toda pessoa é também responsável pelo que escolhe e consequentemente pelo que compra. E hoje esse termo vem sendo questionado frente a outras maneiras de consumo e a interação entre os inúmeros produtos culturais surgidos com os avanços tecnológicos.  Mas afinal o que isso pode ter a ver com tecnologia e mais ainda, o que tem a ver com composição?
Podemos pensar que o processo fonográfico é uma indústria e como tal precisa vender. Então a resposta é tudo! Tem tudo a ver. A partir da década de 20 os processos de gravação passaram a ser elétricos e na década de 50 os mecanismos de popularizaram. Podemos entender que o que alguém ouvia, logo era comentado no seguinte no trabalho e isso gerava uma resposta muito grande aos fabricantes do estava sendo bem aceito ou não. A partir daí o mercado fonográfico passou a seguir “receitas prontas”. Era possível prever quais estilos seriam melhor aceitos etc., no entanto com a chegada da cibercultura esse padrão se desfez. Surge a internet e a pirataria que não são responsáveis pela quebra da indústria fonográfica, mas que geram uma mudança de comportamento que aí sim é o grande responsável pelo abalo da indústria fonográfica.
Nesse cenário é possível se criar inúmeros estilos que se mesclam. Não se deve deixar confundir com o que ocorre no Brasil que nem sempre segue outras tendências praticadas no resto do globo. Se analisarmos de forma genérica existem hoje muito mais estilos musicais do que a 50 anos atrás. E as possibilidades se multiplicam a perder de vista. Logicamente isso abre caminho para trabalhos feitos sem muita qualidade e supervisão musical, mas isso é tema para outro texto.

Referências:

VIANA, Lucina Reitenbach. Indústria Cultural, Indústria Fonográfica, Tecnologia e Cibercultura. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação X Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Blumenau, Blumenau, 28mai./30mai.2009.

MARTINS, Glória Cunha Maria Cecília. Tecnologia, produção & educação musical descompassos e desafinos. Iv congresso ribie, brasilia 1998, Brasília, v. 1, n. 1, p. 1-13, fev./nov. 2017. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/niee/eventos/ribie/1998/pdf/com_pos_dem/235.pdf>.Acesso em: 20 nov. 2017.




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