Produção musical e mercado
A tecnologia está presente em
tudo e é muito fácil perceber isso. Mas talvez não seja tão fácil perceber que
na música ela caba sendo utilizada muitas vezes para tapar buracos, esconder
erros e preencher brechas que antes eram feitas “na unha”, da maneira
tradicional que apesar de ser a mais difícil mostrava a qualidade do verdadeiro
músico. Lembro-me de uma entrevista do ainda atual guitarrista da banda inglesa
Queen, onde ele explicava alguns detalhes da gravação da música Bohemian
Rhapsody. Ele dizia que tiveram que repassar tantas vezes alguns trechos que
não ficavam como o esperado que a fita chegou até a desgastar. Naquela época o
processo de gravação era através de fitas analógicas, e um erro custava um bom
trabalho para voltar a fita no “ponto certo”. Com a chegada das mídias digitais
a história ficou diferente e bem mais fácil; tanto que é possível realizar boas
gravações, mesmo em casa.
Segundo Viana, “os estudos a
respeito da indústria cultural se dividem em dois grandes polos, separados pelo
tempo”. Trata-se o que ocorreu antes da década de 60 e o que veio depois da
década de 60, referentes a escola de Frankfurt e trata do entretenimento que se
transforma em bens de consumo. Depois
seguiu-se o processo de transição e defende o home como participante desse
processo. Podemos entender aqui que toda pessoa é também responsável pelo que
escolhe e consequentemente pelo que compra. E hoje esse termo vem sendo
questionado frente a outras maneiras de consumo e a interação entre os inúmeros
produtos culturais surgidos com os avanços tecnológicos. Mas afinal o que isso pode ter a ver com
tecnologia e mais ainda, o que tem a ver com composição?
Podemos pensar que o processo
fonográfico é uma indústria e como tal precisa vender. Então a resposta é tudo!
Tem tudo a ver. A partir da década de 20 os processos de gravação passaram a
ser elétricos e na década de 50 os mecanismos de popularizaram. Podemos
entender que o que alguém ouvia, logo era comentado no seguinte no trabalho e
isso gerava uma resposta muito grande aos fabricantes do estava sendo bem
aceito ou não. A partir daí o mercado fonográfico passou a seguir “receitas
prontas”. Era possível prever quais estilos seriam melhor aceitos etc., no
entanto com a chegada da cibercultura esse padrão se desfez. Surge a internet e
a pirataria que não são responsáveis pela quebra da indústria fonográfica, mas
que geram uma mudança de comportamento que aí sim é o grande responsável pelo
abalo da indústria fonográfica.
Nesse cenário é possível se
criar inúmeros estilos que se mesclam. Não se deve deixar confundir com o que
ocorre no Brasil que nem sempre segue outras tendências praticadas no resto do
globo. Se analisarmos de forma genérica existem hoje muito mais estilos
musicais do que a 50 anos atrás. E as possibilidades se multiplicam a perder de
vista. Logicamente isso abre caminho para trabalhos feitos sem muita qualidade
e supervisão musical, mas isso é tema para outro texto.
Referências:
VIANA, Lucina Reitenbach.
Indústria Cultural, Indústria Fonográfica, Tecnologia e Cibercultura.
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação X
Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Blumenau, Blumenau,
28mai./30mai.2009.
MARTINS, Glória Cunha Maria Cecília. Tecnologia,
produção & educação musical descompassos e desafinos. Iv congresso
ribie, brasilia 1998, Brasília, v. 1, n. 1, p.
1-13, fev./nov. 2017. Disponível em:
<http://www.ufrgs.br/niee/eventos/ribie/1998/pdf/com_pos_dem/235.pdf>.Acesso
em: 20 nov. 2017.
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