Web 2.0 e Educação Musical
A Web 2.0 é um termo novo que define as novas interações digitais
através do computador e da internet. Engloba mais precisamente uma
segunda geração de serviços dentro da plataforma web, que são todos os
conceitos relacionados à informática que usamos para nos comunicar através
dela. Mais ou menos a partir da segunda metade dos anos 2000 surgiram novas
plataformas e canais de interação, dentre eles os aplicativos, redes sociais,
blogs etc. Esses canais aumentaram o leque de interação e a eficiência da comunicação
digital. Essas novas estruturas auxiliaram muito a educação já que
ampliam as maneiras e as ferramentas que podem ser utilizadas para
ensinar. Segundo Alex Primo quanto mais pessoas na rede mais arquivos se
tornam disponíveis e os serviços se tornam melhores quanto mais pessoas
utilizam o sistema. (2006, pg.2).
Nos dias atuais, muito se tem falado a respeito de Web 2.0. O
conceito para o termo foi criado por Tim O’Reilly, em 2003, o qual diz que Web
2.0 é “a mudança para uma internet como plataforma, e um entendimento das
regras para obter sucesso nesta nova plataforma”. Segundo o conceito elaborado
por O’Reilly, a regra fundamental da Web 2.0 é o aproveitamento da inteligência
coletiva.
Apesar dos especialistas afirmarem que não há um conceito formado
para o que é Web 2.0, acreditamos que o mesmo sendo desenvolvido e moldado
pelas práxis social. Se, como já foi dito, a principal característica dessa
mudança na internet é o aproveitamento da inteligência coletiva, isso
representa uma mudança no indivíduo que passa de um usuário passivo para um
usuário colaborativo e participativo. Esta mudança de paradigmas do indivíduo
vem acompanhada de uma propaganda que divulga liberdade e abertura.
Ora, a abertura e liberdade das quais se tanto se comenta de forma
pública e notória deve ser relativizada, pois existe uma legislação que se
desenvolve no sentido de caracterizar o que é permitido e o que é o chamado
crime digital, por exemplo, o Brasil, nos últimos anos várias polêmicas e
escândalos, foram palco para essa transformação como o caso da atriz da rede
globo de televisão Carolina Dieckmann que teve sua imagem divulgada e explorada
na internet sem autorização devida supostamente a ação invasão de privacidade
de seu computador pessoal, e a realização de cópia das fotos em situação íntima
(além das conversas). Desta forma, a atriz utilizou toda a sua influência para
a elaboração de uma lei digital que hoje leva seu nome (lei 12.737/2012) e foi
sancionada em 30 de novembro de 2012 pela ex-presidente Dilma Rousseff
tipificando os chamados delitos ou crimes informáticos.
Outro fator relacionado é a cultura digital que é criada no
processo de desenvolvimento da Web 2.0 que se baseia numa rede de informações
onde cada usuário pode não somente usufruir, mas sim, contribuir, discutir,
criticar e modificar o processo de construção da informação. Por exemplo, as
plataformas wiki são sistemas de produção de texto onde é permitida a livre e
coletiva construção de texto, apesar de ter sido criada em 1995 por Ward Cunningham,
na época chamava-se Portland Patter Repository, a expansão deste conceito e seu
uso como ferramenta para fins pedagógicos só foram anos depois utilizados, como
vemos na Wikipédia, onde cada usuário tem a oportunidade de adicionar
informações livremente.
A tendência para a Web 2.0 tem sido se caracterizar no âmbito
essencialmente online e vemos diversas ferramentas sendo disponibilizadas pelas
principais plataformas como o Google que oferece o Google Drive, mas outras
também já se notabilizaram como o Dropbox. Desta forma, atividades que antes
eram feitas de forma off-line, com o auxílio de tradicionais programas vendidos
em lojas especializadas, passam a ser feitas de forma online, com o uso de
ferramentas gratuitas e abertas a todos os usuários. Os críticos argumentam que
a Web 2.0 se trata apenas de um buzzword, uma jogada de marketing, um rótulo.
Para estas pessoas, não houve uma mudança significativa no marketing praticado
pela Internet para exemplificar uma teórica “evolução” de 1.0 para 2.0. Segundo
os críticos, as maneiras de se obter lucros continuam exatamente as mesmas:
publicidade e AdSense. Enfim, se todos concordam que a evolução de internet é
algo concreto, a discussão se restringe a se a Web 2.0 é ou não a representação
dessa evolução.
É importante se discutimos aspectos econômicos e políticos nos
processos de desenvolvimento social, em especial da Web 2.0, compreender o
sistema de monetização utilizado, o AdSense que se baseia no número de
visualizações.
Historicamente, o AdSense foi palco de duas grandes polêmicas: uma
em 2011 quando o Google lançou o algoritmo Google Panda devido a grande
expansão dos blogs em 2009 que se utilizavam das palavras-chaves para aparecer
numa posição melhor do ranking na pesquisa do buscador Google; e, a outra foi
recentemente em seis de abril deste ano quando devido a denuncias o Youtube
mudou seu sistema de monetização devido o que se chama de conteúdo não
familiar, resposta a uma propaganda feita que divulga uma ingerência da
plataforma para moderar e restringir informações tidas como impróprias, ou
seja, censura. Isto ocorreu devido à retirada dos patrocinadores da empresa.
Importante entendermos que apesar da notícia jornalística difamatória ter saído
nos EUA, à mudança afetou principalmente o AdSense da América Latina.
Os sites caracterizados Web 2.0 oferecem a possibilidade de
encontrar, produzir e armazenar todo tipo de conteúdo, informação e documentos
na Web, por isso os usuários podem participar de forma ativa para construir
algo, geralmente os sites possuem: possibilidade de busca por palavras-chave;
links para sites e documentos contendo informações relacionadas; possibilidade
de criar-se e alterar-se conteúdo por muitos usuários, utilização de tags ou
marcadores, uso da Web como plataforma para aplicativos e armazenamento de
documentos e conteúdos; RSS, que avisa outros usuários que houve inclusão de
novos conteúdos.
O portal de estatísticas Statista traz dados, contabilizados a
partir de abril de 2016, que elencam as principais redes sociais em todo mundo
classificadas por número de usuários ativos. O ranking completo, que você
poderá ver a seguir, fornece informações sobre as redes sociais mais populares
e, neste sentido, a líder da lista já está acostumada a ocupar este lugar, é
claro que estou falando do Facebook. A criação de Mark Zuckerberg foi a
primeira rede social a superar um bilhão de contas registradas e, atualmente,
soma 1,59 bilhão de usuários ativos mensalmente.
Em 2015, o Facebook conseguiu a façanha de ter um bilhão de usuários em
todo mundo conectados no mesmo dia, mas foi só no primeiro trimestre deste ano
que a marca pode ser mantida diariamente.
Agora já começando a tratar da educação a Web 2.0 contribuiu nos
sistemas de educação online, principalmente quando pensamos na construção do
conhecimento coletivo. Os AVA´s dispõem de variados recursos para apoiar
a interação e a dinamização no processo de aprendizagem. Entre as ferramentas
mais utilizadas estão os chats, os fóruns, os grupos de discussão, oriundos da
Web 1.0 e os blogs, os wikis e podcasts, os quais são os principais expoentes
da Web 2.0. Diante deste cenário a Web 2.0 como um divisor no aprendizado
virtual.
No ensino superior, várias experiências estão sendo bem sucedidas
por meio de rádios universitárias, o que parece anunciar um paradoxo se torna
uma boa novidade. Quando se achava que a internet iria acabar de vez com a
rádio, essa ferramenta bastante antiga ressurge em novas interfaces e
plataformas. Segundo RAMOS
Desde a
primeira iniciativa de rádio em Internet, Internet Talk Rádio, realizada em
1993 por Carl Malamud (BAKER, 2009, p. 3) o media sonoro viveu uma importante
expansão nos media digitais que torna necessária a sua reconceptualização para
além do âmbito estritamente sonoro. (2011, pg. 52)
Essas web rádios
oferecem agora novas opções de interação que não existiam a tempos atrás. Um
dos exemplos são as redes sociais que permeiem a escolha de músicas e
configuração de playlists de acordo com o gosto do ouvinte. Essas novas rádios
não se limitam a propriedade exclusivamente sonora. Com a tecnologia acessível
elas se expandiram para vários sentidos e vários meios de comunicação. Como
reforça Ramos, Além da difusão em streaming, a
webrádio incorpora novas formas de consumo on demand que favorecem a construção
de uma rádio à medida do usuário. (RAMOS, 2011, pg.
52). Neste contexto as ferramentas disponíveis na Web 2.0 possibilitam ofertar
ao ensino um novo olhar, com ênfase no conhecimento coletivo e na comunicação
síncrona e assíncrona.
Em educação musical gradativamente
os professores vem utilizando a tecnologia a seu favor através de DVDs, dos
projetores etc., e com a internet muito se evoluiu pensando na imensa
quantidade de programas e aplicativos relativamente baratos ou até grátis que
permitem a criação de pequenos estúdios musicais com qualidade praticamente
profissional. O acesso à música se tornou mais fácil através do formato mp3, e
do Youtube que possibilitou a visualização de clips e shows de muitos artistas;
dos mais antigos aos mais atuais. Além disso, aprender música partindo para a
teoria ou para a prática de um instrumento ou canto se tornou muito mais fácil
através de vídeo-aulas compartilhadas no Youtube, ou em outros sites
especializados em música. Dessa forma, o estudante, o músico amador ou o profissional
tem em suas mãos muitas ferramentas facilmente manuseáveis e compartilhadas. A
edição, gravação e composição se tornaram mais acessíveis, e podem começar com
um hobby ou brincadeira e se tornarem atividades rentáveis.
Concluindo, apesar de muitas escolas
(em especial as públicas) ainda não aceitarem o uso da tecnologia no cotidiano
escolar, aqui nos referimos ao uso de celulares e tablets em sala de aula,
percebemos que estas medidas disciplinares vão contra a necessidade tecnológica
da atualidade, e não exime os educadores musicais, de conhecer, utilizar, até
ter domínio dessas tecnologias, pois é preciso acompanhar o desenvolvimento
social, assim, a escola e o professor precisam podem utilizar nos processos de
ensino e aprendizagem do conhecimento e habilidade musical, além de poder
desenvolver o ser musical que existe em cada um de nós. Finalmente, as
tecnologias se consolidam na ação musical seja ela intermediada através destas
tecnologias ou de uma forma simples sem intermediação, pois a música seja de
qualquer forma deve ser a maior motivação para ensinar.
Referências
Bibliográficas:
PRIMO,
Alex. O aspecto relacional na Web 2.0. Congresso brasileiro de ciência
da comunicação, Brasília, 2006./nov. 2017.
DANTAS,
Tiago. “Web 2.0"; Brasil
Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/informatica/web-20.htm>.
Acesso em 07 de novembro de 2017.
SCHONS,
Cláudio Henrique; RIBEIRO, Adriano Carlos; BATTISTI, Patrícia. Educação à
distância: web 2.0 na construção do conhecimento coletivo. Repositorio.
ufsc.br, [S.L.], p. 1-12, 2008. Undefined.
Lei Carolina Dieckmann. Disponível em
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Carolina_Dieckmann> acesso em 07 de nov.
de 2017.
Plataformas Wiki. Disponível em <
http://pesquompile.wikidot.com/plataformas-wiki> acesso em 07 de nov. de
2017
RAMOS,
Teresa Piñeiro-Otero Fernando. Rádios universitárias na Web 2.0: perspectivas e
potencial. Rádio Leituras, Aveiro, n. 01, p. 1-27, jan./jun. 2011.
autores:
Cintia Cintra e Cintra
Welton Carlos Ferreira Rudi
Welisson da Costa Leão
Alexandre Victorino Ribeiro